Portugal e Espanha enfrentam na manhã de hoje (28), uma paralisação de grandes proporções no sistema de abastecimento de energia elétrica na região, levando ao blecaute diversas regiões em ambos os países, além de falhas de energia em outros locais da Europa ocidental, como França e Alemanha. No momento, as autoridades de Segurança cibernéticas locais investigam a possibilidade de um ataque hacker, mas sem detectar evidências até o momento.
Ainda não há informações claras da causa desse incidente vindo das autoridades portuguesas e espanholas. Todavia, o conselho de ministros executivos de Portugal e o gabinete do Primeiro Ministro espanhol estão reunidos e em contato para avaliar a resposta ao incidente. Nesse sentido, o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, não descartou a possibilidade de um incidente cibernético.
“Sei que abrange vários países da Europa, como Portugal, Espanha, França e Alemanha, e creio também Marrocos. Foi uma ocorrência em grande escala que, pela dimensão que tem, é compatível com um ciberataque. Há essa possibilidade, de fato, mas não há uma informação confirmada a respeito”, disse o ministro, em entrevista ao canal de televisão RTP 3.
Apesar da sugestão, ainda não há qualquer indício divulgado de que a causa seja um ataque cibernético. Tanto o Centro Nacional de Ciber Segurança (CNCS) quanto o Instituto Nacional de Ciberseguridad (INCIBE) informaram estar acompanhando a situação de perto e dando todo o suporte para as autoridades governamentais detectarem a origem do problema e restabelecer a normalidade do sistema.
“Não foram identificados até o momento indícios que apontem para um ciberataque como origem do apagão que afeta Portugal, Espanha e outros países da Europa nesta segunda-feira. Contatadas as entidades incumbidas do fornecimento, apura-se como causa uma falha operacional na própria rede. Estamos em contato com nossas congêneres nos outros países e com entidades nacionais relevantes”, explica a CNCS para o Correio da Manhã.
A vice-presidente executiva da Comissão Europeia, Reresa Ribera, também negou qualquer evidência de ciberataque, mas reconheceu ter ocorrido uma das maiores falhas do sistema elétrico do continente. “Não estamos descartando nada no momento, porém não há provas de qualquer tipo de problema relacionado à Cibersegurança. Estamos atentos a tudo e a principal prioridade é, obviamente, restaurar o sistema elétrico, avaliar e compreender o ocorrido” afirmou a representante do órgão executivo.
A provedora de energia Red Elétrica aponta que a retomada da fluidez de energia deve levar de 6 a 10 horas, já a Rede Elétrica Nacional (REN) de Portugal fala de ao menos uma semana para a recuperação completa da estrutura. De acordo com a agência portuguesa, o incidente se iniciou fora do sistema local, possivelmente por variações climáticas e atmosféricas extremas ocorridas no país vizinho. Segundo a BBC, não houve confirmação do contraponto espanhol.
Informações locais dão conta de que a paralisação da rede elétrica gerou problemas em todos os setores da economia dos países: sistemas de transporte e trânsito, aeroportuária, telefonia, internet, financeiros, educacionais, e de saúde estão com operações pausadas ou reduzidas a geradores, o que tem gerado problemas em inúmeras situações cotidianas dos cidadãos.
Desinformação sobre o incidente
Apesar das investigações em curso e da afirmação do ministro Almeida autoridades governamentais e as agências de SI solicitaram ao público que mantenham a calma e mantenham-se atentas a possíveis desinformações que estejam em circulação nas redes sobre um ataque hacker aos dois países.
A CNN Portugal, inclusive, publicou um alerta em seu site oficial e perfis nas mídias sociais rechaçando a veracidade de uma suposta notícia, atribuída ao canal televisivo, supostamente confirmando que o continente europeu todo estaria sob ataque de grupos cibercriminosos apoiados pela Rússia. “Necessário sublinhar quantas vezes for possível que essa informação não partiu de nenhum portal da CNN”, alertou o Diretor de Informação da CNN local, Nuno Santos.
A agência de Segurança digital portuguesa também solicitou, em seu contato com o Correio da Manhã, atenção das pessoas para desinformações circulando sobre o incidente, aconselhando consulta e confirmação junto a fontes fidedignas. Já o INCIBE também ofereceu orientações adicionais ao público sobre como proceder diante da crise.
“Diante da situação ocorrida nas últimas horas, o INCIBE recomenda manter a calma, não saturar o serviço de emergências (chamar o 112 apenas em estrita necessidade) e sempre consultar fontes oficiais para se manter atualizado. Uma vez que a eletricidade retorne, é importante evitar utilizar todos os aparelhos de uma vez, bem como usar internet e chamadas de forma responsável, para evitar colapso nos sistemas de abastecimento”, conclui o INCIBE.
*Com informações d’O GLOBO, Folha de S. Paulo, El País, Correio da Manhã, CNN Portugal, Agência Lusa e BBC.