As investigações criminais costumam tomar muito tempo dos profissionais envolvidos e nem sempre têm resultados precisos. Para lidar com esse cenário, e facilitar a resolução de crimes, a tecnologia está sendo implementada em diversos locais e das mais variadas formas.
Nos EUA, ferramentas de IA têm sido empregadas para resolver problemas relacionados a gangues, como o bloqueio de acesso de membros suspeitos em escolas e a “previsão” de crimes ou atos violentos, por exemplo.
“No Brasil a Receita Federal já utiliza a solução de reconhecimento facial com IA embarcada para diminuir a evasão fiscal nos aeroportos internacionais. Temos também outros clientes do setor bancário, que a utilizam para aumentar a precisão na identificação e para reforçar a segurança como duplo fator de autenticação em transações financeiras”, revela Wagner Coppede, diretor de Soluções e Engenharia na NEC Latin America.
Segundo o executivo, o mercado americano possui uma preocupação muito grande com segurança pública e terrorismo, e adota muita tecnologia para resolução de crimes. Nesses casos a inteligência artificial têm se mostrado imprescindível para agilizar o trabalho dos profissionais envolvidos.
“Chamamos ‘AI by design’, ou seja, na concepção do produto já incluímos esse recurso. Dessa forma, a solução já está pronta para a necessidade de uso das forças policiais ou de investigadores criminais, por exemplo. A NEC já implementa IA em suas soluções desde 1996”, aponta Coppede.
Análise e solução de crimes
A IA não é algo novo. O desenvolvimento da área começou logo após a Segunda Guerra Mundial, alavancado por estudos de Alan Turing e o termo em si foi cunhado em 1956, por John McCarthy. É uma tecnologia antiga que, atualmente, possui um grande potencial na resolução de crimes, através do aumento da precisão das avaliações.
“Dividimos a IA em camadas de: visualização, gestão e simulação de solução. Temos vários algoritmos que trabalham em cada uma dessas camadas. Para falar sobre a resolução de crimes, que utiliza a camada de simulação de solução, temos que fazer uma analogia com o Varejo”, afirma Coppede.
Segundo ele, a solução de reconhecimento facial funciona nesse setor através da identificação de clientes VIP, habilitando pagamentos eletrônicos, personalizando serviços, etc. Nesse sentido, existe uma certa necessidade de inteligência artificial.
“Nas lojas, é possível reconhecer os consumidores em ambientes de circuito fechado de TV com até 99,2% de precisão. Essa capacidade de reconhecimento impacta diretamente a experiência do cliente”, revela o executivo.
Na resolução de crimes, com auxílio de IA, é possível utilizar a mesma ferramenta de reconhecimento facial e diminuir o tempo das investigações. “Alcançamos um tempo de resposta na detecção de faces de apenas 3 milissegundos. Nesse breve período a inteligência artificial faz a análise, modelagem 3D, algoritmo, comparação e retorna o resultado com alto nível de precisão”, explica Coppede.
Machine learning
O executivo revela que o sistema de aprendizagem de máquina para reconhecimento de placas, por exemplo, foi desenvolvido no Japão e a companhia percebeu que havia uma demanda muito grande no setor de resolução de crimes no Brasil.
“Por haver muitas câmeras nas entradas de condomínios, essas gravações geralmente são requisitadas pela polícia civil para análise, porém a qualidade da imagem costuma ser bem baixa e nossa solução permite recuperar informações de difícil interpretação por seres humanos”, afirma.
Para aplicação no Brasil foi feita uma adaptação da modelagem das placas nacionais e o algoritmo foi alimentado com centenas de milhares de registros, nas mais variadas condições de luzes e ângulos, para que o sistema pudesse aprender as características.
Casos de uso mundiais
“A Europa também está bem avançada na adoção. Temos projetos junto à polícia local, no País de Gales, por exemplo, onde foram instaladas câmeras na parte externa de viaturas e, através da tecnologia da NEC, foi possível identificar um suspeito que estava na lista de criminosos, dirigindo-se para a entrada de um estádio de futebol”, aponta Coppede.
Na Colômbia, no Estádio Nacional de Medelín, há 75 câmeras – 50 nas entradas e 25 monitorando as arquibancadas – que ficam monitorando os expectadores. Segundo Coppede, esse sistema visa coibir a violência e permitir que famílias pudessem acompanhar os jogos em segurança.
“No Japão, na estação de trem de Ikebukuro em Tóquio, que é uma das principais do país, também há mais de 50 câmeras interligadas que dispõem do sistema de análise de comportamento em vídeo. A tecnologia permite identificar se o fluxo de pessoas está de acordo com o horário e emitir alertas sonoros junto ao aviso para polícia, possibilitando impacto menor em caso de terremoto ou atos de terrorismo”, revela Coppede.
O executivo revela que a tecnologia de IA embarcada no reconhecimento facial possibilita fazer um mapa de crimes, conforme implementado pela NEC em Tigre, uma cidade metropolitana de Buenos Aires. Segundo ele, a polícia consegue identificar o fluxo de crimes e posicionar as equipes de maneira mais assertiva através da análise de inteligência artificial.
Segundo o executivo, a NEC busca auxiliar empresas que necessitem de reconhecimento facial, biometria de impressão digital ou íris, para reforçar a segurança em transações financeiras ou identificar corretamente os consumidores e não frustrar suas expectativas.
“Na questão de identificação civil e criminal, esperamos atingir as cidades, considerando que a maioria dos estados já possui tecnologias de reconhecimento facial para identificação automática de criminosos. A IA pode trazer maior facilidade para os centros de operações municipais, uma vez que a infraestrutura está mais avançada em diversas regiões do Brasil”, finaliza Coppede.