O cibercriminoso português Diogo Santos Coelho, de 21 anos, era líder de um dos maiores fóruns de hackers do mundo, o RaidForums, que vendia bilhões de dados roubados em empresas em todo mundo. O fórum foi retirado do ar nesta terça-feira (12) como resultado da Operação Tourniquet, coordenada pela Europol com os Estados Unidos, Reino Unido, Suécia, Portugal e Romênia.
Em 31 de janeiro, na Inglaterra, Coelho foi preso e acusado de ser o chefe do RaidForums. Ele aguarda ser extraditado para os Estados Unidos, onde é acusado de conspiração, fraude de dispositivo de acesso e roubo de identidade, agravado em conexão com seu papel como administrador-chefe. Quando detido pelas autoridades, os policiais apreenderam cerca de R$ 30 mil e milhares de dólares e congelaram mais R$ 2,3 milhões em ativos criptográficos. Além de Diogo, outras duas pessoas apontadas como administradores do portal foram presas. Os detalhes da prisão e as identidades não foram divulgados.
Emerson Wendt, Delegado da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, destaca que o trabalho e atuação da polícia nesses casos são fundamentais, já que os cibercriminosos focam em infraestruturas críticas de governos e empresas com objetivo de causar grandes estragos e expor dados de milhões de pessoas.
“A ação das autoridades traz um resultado muito efetivo em termos de segurança cibernética, porque os cibercriminosos estão cada vez mais atuando em cima de vulnerabilidade e engenharia social. As investigações dão um alento ao cenário de impunidade e auxilia as organizações no processo de desarticulação do crime”, comenta Emerson Wendt em entrevista concedida à Security Report.
Para o delegado, não adianta o criminoso se esconder, já que a polícia trabalha com princípios fundamentais nas investigações como o local das ações ou cena do crime. No contexto cibernético, continua ele, existem os logs, em algum momento, a polícia e a perícia vão encontrar informações ou rastros.
Ele acrescenta que as investigações de cunho internacional podem ser mais morosas. “Quando há a utilização de sistemas e interações pelos criminosos localizados em outros países, em que as autoridades precisam buscar essas informações ou cooperação internacional, o processo pode demorar, mas não será prejudicado”, comenta o Delegado.
Recentemente, um adolescente de 16 anos de Oxford, na Inglaterra, também foi detido, suspeito de comandar o ataque hacker à Microsoft e à Nvidia, segundo investigações realizadas por especialistas em segurança cibernética. O jovem, que supostamente acumulou uma fortuna de US$ 14 milhões por meio de crimes cibernéticos, foi nomeado por hackers e pesquisadores rivais como um dos comandantes do grupo Lapsus$. Ainda segundo informações, o adolescente teria autismo e frequenta uma escola de educação especial em Oxford.
Na ocasião, as autoridades de Londres fizeram prisão de outros indivíduos relacionados ao grupo cibercriminoso. Por serem menores de idade, as autoridades não divulgaram imagens, nomes ou detalhes sobre as prisões. Esses mesmos suspeitos, compareceram ao Tribunal juvenil de Highbury Corner, em Londres, no início do mês. Porém, foram libertados sob fiança, sujeito a certas condições.
Para o delegado Wendt, a melhor prática para combater cibercrime é a prevenção, além de trabalho periódico junto aos backups. “Uma outra prática é trabalhar internamente a cultura dos aspectos preventivos em relação a engenharia social e os frameworks de Segurança Cibernética. Atuar no processo preventivo é a forma mais eficaz e, claro, as empresas nunca deverão pagar resgate em caso de criptografia de dados”, finaliza o Delegado.
*Com informações do G1