As revelações do WikiLeaks sobre o uso que a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) faz de ferramentas de ciberespionagem mostram os riscos da vigilância em massa e fortalecem a defesa de uma regulamentação internacional, disse um especialista independente em privacidade da ONU.
O WikiLeaks publicou na terça-feira (07) o que disse serem milhares de páginas de discussões internas da CIA sobre técnicas de invasão cibernética usadas ao longo de vários anos.
A CIA não quis comentar a autenticidade dos supostos documentos de inteligência, mas especialistas em cibersegurança disseram que parecem ser autênticos.
Joe Cannataci, relator especial da ONU sobre o direito à privacidade, um cargo criado em 2015 após as revelações do ex-prestador de serviços de agência de inteligência dos EUA, Edward Snowden, sobre a vigilância praticada pelo país, disse não estar surpreso com as capacidades da CIA, mas que o caso enfatiza os riscos de segurança crescentes e a necessidade de uma supervisão eficiente.
“Provavelmente a verdadeira história aqui é que alguém conseguiu entrar nos espaços supostamente seguros da CIA, extrair e publicar estas coisas”, disse à Reuters.
Cannataci se reportou ao Conselho de Direitos Humanos da ONU nesta semana e exortou os Estados a trabalharem para criar um tratado internacional que proteja a privacidade das pessoas, dizendo que as salvaguardas tradicionais se tornaram obsoletas na era digital.
A divulgação do WikiLeaks deu fôlego ao clamor por uma avaliação dos mecanismos de supervisão de inteligência e por seu reforço em todo o mundo, disse.
“A história sobre as técnicas de hackeamento da CIA no WikiLeaks é mais uma prova, se alguma é necessária, de que as agências de inteligência e os dados que coletam muitas vezes são tão vulneráveis quando os de qualquer um e que elas não deveriam estar correndo o risco de coletar enormes quantidades de dados sobre todos nós de maneira indiscriminada”
Cannataci citou indícios de que informações coletadas por países, inclusive por meio da aquisição em larga escala e da vigilância em massa, estão cada vez mais vulneráveis a invasões virtuais de governos estrangeiros ou do crime organizado.
* Com informações da Agência Reuters