Durante o ano de 2016, diversas fusões movimentaram o mercado de Tecnologia e Segurança da Informação. Uma das que mais chamaram a atenção foi entre a Dell e a EMC, avaliada em US$ 67 bilhões e considerada a maior da história. Porém, alguns meses depois, a SonicWall anunciou sua independência da Dell mostrando sua força em um mercado em que, apesar das grandes transformações sofridas nos últimos anos, tende a resgatar as empresas conhecidas como “puro sangue”.
“A parceria entre ambas continua, mas de forma independente”, resume Vladimir Alem, Latin America Marketing Leader da SonicWall. Em entrevista exclusiva à Security Report, o executivo explica como os anos juntos fizeram bem à empresa. “A Dell foi muito importante para nós durante o processo de aculturamento e ajudou a melhorar nossos produtos”, diz.
No entanto, ele acredita que neste momento uma operação independente faz mais sentido à SonicWall. Na opinião do especialista, mais autonomia reflete em agilidade para servir melhor clientes e parceiros e flexibilidade para se adaptar à evolução das ameaças e demandas das empresas consequentemente.
Alem destaca ainda o fato da organização estar sob a tutela de investidores (Francisco Partners e Elliot Management), incentivando ainda mais os investimentos em inovação. “Estar embaixo de um capitalista é muito positivo. O investidor aplica e quer retorno rápido, ou seja, isso significa mais investimento em Pesquisa & Desenvolvimento e inovação”, afirma.
Para isso, Alem se apoia na experiência do novo presidente e CEO, Bill Conner. “Ele é um executivo sênior do mercado de Segurança e já liderou diversas empresas e iniciativas neste segmento”, ressalta. De fato, Conner já foi diretor-executivo da Silent Circle e da Entrust, bem como presidente da Data Networks e presidente de Redes Empresariais da Nortel Networks.
Novos rumos
A estratégia de venda da SonicWall se mantém totalmente realizada por meio de canais e parceiros. Aliás, a independência parece ter sido bem recebida por todos. A marca aproveitou o anúncio para lançar seu novo programa, o Secure First, cujo projeto aumenta a recompensa para benefícios de valor, proteção de negócios e expande a capacitação técnica no portfólio da empresa.
“Tivemos mais de cem registros no primeiro dia”, comemora. Foi em novembro também, início das novas operações, que houve a maior taxa de renovações de contratos. Para Alem, o momento é de estabelecer e aprofundar o relacionamento com parceiros.
Embora tenha tecnologias que englobem todos os portes e segmentos de negócios, é no mercado de SMBs que a SonicWall espera se consolidar. Na opinião do executivo, o campo de batalha se estabelece entre as pequenas e médias empresas, pois precisam ter um novo olhar para a infraestrutura que as protegem para que elas tenham possibilidade de crescimento.
“Segurança é um elemento que permite grandes novidades de inovação. Por isso que a SI deve funcionar como viabilizadora de negócios”, afirma. Entre as tecnologias que devem se destacar a partir do próximo ano estão as arquiteturas de gerenciamento de soluções em nuvem. A tendência é global e os ganhos tanto em custo como em agilidade e visibilidade são significativos.
Confiança & tradição
Em 2016, o setor de Segurança da informação foi marcado por movimentações envolvendo fusões e aquisições, fruto da busca de uma maior consolidação. O fenômeno é natural por se tratar de um segmento em franca ascensão, com o surgimento de startups e, ao mesmo tempo, a entrada de empresas de tecnologia que antes não atuavam com segurança.
Fato interessante a ser observado é que mesmo durante o período de fusão das duas empresas, o brand SonicWall foi preservado pela Dell, sinal de que marcas importantes do setor de segurança conquistaram lugar de destaque no segmento e são consideradas um verdadeiro patrimônio do setor. Agora, nessa retomada do modelo independente de atuação, a SonicWall retorna à cena sem ter perdido sua identidade, talvez um dos seus maiores legados.
O setor de SI tem dessas coisas. Muitas marcas tradicionais desse mercado criam uma relação de familiaridade com seus clientes e isso acaba tendo uma influência na hora de decidir pela compra ou não de um produto. E faz sentido essa fidelidade. Afinal, estamos falando de segurança e proteção, algo baseado em confiança. Esse resgate parece ser um dos pilares no qual a SonicWall pretende basear sua nova fase.