Segundo o Data Breach Investigations Report (DBIR) 2025, divulgado pela Verizon, o setor da saúde segue como um dos alvos preferenciais dos cibercriminosos no mundo. A pesquisa mostrou que o volume de incidentes resultou em vazamentos de dados, muitos expostos por cibercriminosos em sites e fóruns na Dark e Deep Web. Neste ano, foram analisadas mais de 22 mil incidentes, com 12.195 violações de dados confirmadas em organizações de 139 países.
De acordo com o relatório, a saúde ficou atrás apenas do setor industrial, que acumulou 1.607 violações no mesmo período. “Os dados médicos são altamente sensíveis e valiosos. Por isso, o setor virou uma espécie de mina de ouro para os cibercriminosos”, explica Anchises Moraes, especialista da Apura Cyber Intelligence, que pelo sétimo ano consecutivo é uma das colaboradoras do relatório, levando dados do cenário brasileiro para esse levantamento global.
Tipos de dados vazados
Segundo o relatório, 45% das violações miraram dados médicos, enquanto 40% afetaram dados pessoais, como nomes, endereços e números de documentos. Os principais caminhos para as violações continuam sendo os mesmos as intrusões, falhas humanas e erros diversos, responsáveis por 74% dos casos. Já sobre quem promove os ataques, a maioria vem de fora, 67% são atribuídos a agentes externos. Os dados apontaram que o risco é alto, 30% dos incidentes foram causados por pessoas com acesso legítimo aos sistemas. Os parceiros, por sua vez, responderam por 4% das investidas.
Os pesquisadores mostraram que a maioria das invasões teve motivações financeiras 90% dos ataques buscaram lucro direto com extorsão ou venda de dados. Contudo, um dado chama a atenção dos pesquisadores, os ataques movidos por espionagem saltaram de 1% em 2023 para 16% em 2024, um crescimento que, segundo Moraes é preocupante. “Esse é um dos grandes desafios: muitas vezes, quem está dentro da organização facilita ou executa o ataque”, alerta Moraes. Para ele, a resposta precisa ir além de barreiras tecnológicas. “É preciso investir em treinamento, conscientização e controles rigorosos.”
Outra mudança detectada pelo DBIR 2025, os ataques de ransomware e invasões sofisticadas superaram, pela primeira vez, os erros humanos como causa dos incidentes, que lideravam o ranking até 2023. A escalada preocupa, especialmente em hospitais, onde a indisponibilidade de sistemas por um ataque de ransomware pode comprometer o atendimento e colocar vidas em risco. A América Latina também figura no relatório com destaque: foram 657 incidentes na região, sendo 413 com vazamentos confirmados.
“Depois que um ataque acontece, o desespero toma conta, e isso dá ainda mais vantagem aos criminosos”, afirma Moraes. “Não basta ter rotinas de segurança, sistemas de proteção robustos e, principalmente, investir em educação protetiva cibernética para reduzir o risco de um ataque bem-sucedido”, destaca. “É fundamental investir em medidas preventivas e pró-ativas, como monitoramento de ameaças, e construir um sólido plano de resposta a incidentes, para minimizar o impacto e retomar rapidamente a operação caso o pior aconteça”.