Liderança. Uma palavra que sempre foi muito debatida e que agora, em função da pandemia, volta com força. A liderança em tempos de crise se torna ainda mais relevante para o sucesso de uma empresa, de uma instituição, de um governo. Existem várias teorias sobre os tipos de liderança e vou tratar brevemente de algumas delas.
Teoria X versus Teoria Y (McGregor, 1960)
McGregor (1960) dividiu os estilos de liderança em dois, aos quais denominou Teoria X e Teoria Y. O estilo de liderança da Teoria X é aquele no qual os líderes oferecem incentivos ou punições para os liderados, em função do atingimento ou não das metas e atividades. Ademais, a liderança da teoria X é aquela que monitora constantemente as pessoas, pois acreditam que só assim o trabalho será realizado a contento.
Por outro lado, o estilo do líder da Teoria Y é baseado na ideia de que as pessoas querem contribuir e são automotivadas para realizarem um bom trabalho. O líder da teoria Y é aquele que inspira a equipe para que o trabalho seja bem feito, não porque irão receber um prêmio, mas fornecendo os meios, capacitando-os e dando liberdade e autoridade, ou seja, confiança.
Líder da Teoria X baseia sua liderança em prêmios e punições.
Líder da Teoria Y fornece os meios para que sua equipe se sinta motivada para realizar o trabalho.
O Grid Gerencial de Blake e Mouton
Robert R. Blake e Jane S Mouton (1989) definiram o chamado Grid Gerencial, que pode ser definido da seguinte forma:
Os vários modos de usar autoridade ao exercer a liderança são representados visualmente no Grid.
A preocupação com a produção, a obtenção de resultados, é uma das dimensões do Grid. A segunda dimensão é a preocupação com as pessoas – subordinados e colegas.
A “preocupação com” não é um termo mecânico que indique o volume da produção real alcançada ou o comportamento real com relação às pessoas. Ao contrário, ela indica o caráter e a força dos pressupostos presentes na base de qualquer tipo indicado de estilo de liderança.
A principal questão abordada no Grid é que, quando se trata de liderança, os líderes devem se concentrar em realizar o trabalho ou atender as pessoas? Os líderes focados em tarefas se concentram em realizar o trabalho, atingir os objetivos de desempenho e serem produtivos. Por outro lado, os líderes focados nas pessoas se preocupam com o bem-estar da equipe e com a construção de relacionamentos de confiança. A figura a seguir mostra a definição dos estilos de liderança no Grid Gerencial:
Na figura anterior, podemos identificar os cinco possíveis tipos de líderes:
1- Líder Autoritário: é aquele líder que se preocupa somente com a execução das tarefas, negligenciando as necessidades das pessoas. Com isso, as pessoas se sentem desvalorizadas e o controle da equipe é totalmente baseado em ordens e controle.
2- Líder Fraco: é o líder cuja única preocupação é fazer o mínimo para se manter na posição atual. Não se dedica à execução das tarefas e não se preocupa com as pessoas.
3- Líder de Clube Social: é o líder que se preocupa quase que exclusivamente em manter um ambiente agradável e um bom relacionamento com a equipe, sacrificando, até mesmo, os resultados e a execução das tarefas.
4- Líder de equipe: este estilo integra as preocupações com as metas/resultados e as pessoas. É uma abordagem de equipe, centrada nas metas, que procura obter o melhor resultado possível por meio da participação e envolvimento de todos aqueles que podem colaborar.
5- Líder com bom senso: esse estilo de liderança representa o “meio-termo”, ou seja, o equilíbrio entre a execução de tarefas e metas e preocupação com as pessoas.
Liderança Situacional
Mas qual estilo é o melhor? À primeira vista, poderíamos deduzir que o Líder de Equipe seria o modelo a ser alcançado. Mas, infelizmente, muitos de nós temos a tendência de sermos líderes intermediários. Assim, talvez o líder com bom senso seja uma excelente opção. Acontece que não há uma fórmula perfeita, uma panaceia que sirva para todas as empresas e ocasiões.
Blanchard e Hersey (1992) perceberam que, como organizações e empresas enfrentam diferentes desafios e situações mudam, os líderes precisam se adaptar para responder adequadamente à nova realidade. Os autores criaram, então, o Modelo de Liderança Situacional. De acordo com esse modelo, os líderes se adaptam de acordo com o nível de maturidade da equipe. Se uma equipe não está pronta para executar uma tarefa, os líderes então precisam ser mais diligentes (mais parecidos com o líder autoritário de Black e Mouton). Por outro lado, se a equipe está mais preparada para a execução de uma meta, os líderes podem agir mais como facilitadores, dando apoio e orientação. E se a equipe estiver super-madura, o líder poderia delegar mais, pois a equipe dá conta do recado.
A liderança situacional é o resultado da da relação entre estilo do líder, a maturidade do liderado e situação encontrada. Parte da premissa de que não há um estilo de liderança adequado para todas as situações.
Como já disse, não há uma fórmula mágica. O aprendizado deve ser constante. O importante é ter um líder que saiba conduzir a equipe para atingir o melhor resultado possível com os recursos disponíveis. Esse sim, é o verdadeiro líder. E é o líder que precisamos ter na nossa empresa e, neste momento, no nosso país.
*Por Por Fábio Xavier, Diretor de TI no Tribunal de Contas do Estado de São Paulo
Bibliografia
.BLAKE, Robert R; MOUTON, Jane S. O Grid Gerencial III. Livraria Pioneira Editora. 1989;
.BLANCHARD, Kenneth H.; HERSEY, Paul. Psicologia Para Administradores: a teoria e as técnicas da liderança situacional. Apagar: Epu, 1992.
.MCGREGOR, Douglas. The Human Side of Enterprise. Mcgraw-hill Education, 1960.