por Allan Costa*
Não é nenhum segredo que o agronegócio é uma das áreas mais importantes para a economia brasileira. Apenas no ano passado, foram 166 bilhões de dólares em exportações, um recorde nacional. Assim como em diversos outros setores, a digitalização de processos tem oferecido ao agro um substancial aumento de produtividade e possibilidades.
Dados da Embrapa, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, revelam que 70% dos empreendimentos do campo já contam com conexão à rede, além do uso de outras ferramentas como aplicativos (57%), GPS (20%), satélites (17%) e sensores (16%).
Infelizmente, a soma de todos esses fatores também torna o agro um alvo cada vez mais procurado por cibercriminosos. É muito dinheiro circulando, que pode ser interceptado por alguém com conhecimento suficiente para descobrir uma brecha em apenas uma das máquinas conectadas na infraestrutura. Também vale lembrar que se trata de um negócio just-in-time, e qualquer produção inutilizada proporciona perdas consideráveis para todos os envolvidos.
Sendo assim, é fundamental que todas as empresas do ramo, independentemente de seu porte, estejam atentas às principais tendências e inovações em proteção digital. Neste sentido, não podemos começar falando de outro tema além das Inteligências Artificiais, que entraram de vez no nosso vocabulário, mesmo para aqueles que não trabalham com segurança da informação.
No campo, podemos utilizar essas aplicações, especialmente aquelas baseadas em inteligência artificial generativa, que estão constantemente aprendendo, para implementar um monitoramento completo do sistema. A IA, que não precisa descansar e não cometerá os mesmos erros de um humano, pode constantemente checar se as culturas estão recebendo irrigação e luz solar o suficiente, ou mesmo detectar agentes maliciosos que tentam invadir os servidores, e quais maquinários precisam de uma correção urgente.
Outro ponto a ser considerado diz menos respeito às ferramentas, e sim à cultura. Conforme crescem os ataques cibernéticos com repercussões desastrosas, aumenta também o reconhecimento da importância de se manusear todos os dados com extremo cuidado, não só os mais sensíveis.
Conforme se compreende que os dados são parte da organização, e não “apenas” propriedade de usuários, vemos a necessidade de envolver seu tratamento com todos os setores da empresa, e não apenas um pequeno grupo especializado. Isso é especialmente válido no agro, com colaboradores que podem estar espalhados pelo país.
Assim como no caso em toda estratégia de cibersegurança bem realizada, pessoas e ferramentas progridem lado a lado. Realizar ciclos de gestão de vulnerabilidades e implementar um SOC para oferecer suporte em casos de eventuais incidentes é tão fundamental quanto se certificar que todos na empresa entendem o porquê de isso ser importante.
Portanto, educar e prevenir sempre serão mais efetivos do que correr atrás do prejuízo. Essa abordagem representa o primeiro passo para o agronegócio tornar sua segurança um diferencial competitivo.
*Allan Costa é Co-CEO da ISH Tecnologia