À medida em que a sociedade continua a migrar para o mundo digital, o crime cibernético aumenta, custando às organizações perdas financeiras, reputacionais e desestruturação de infraestruturas. Outro impacto extremamente grave é o bem-estar mental dos times de Segurança da Informação. São profissionais que lidam diariamente sob pressão e a manutenção dessas equipes é um ponto de alerta para esse ano.
Eles estão sobrecarregados não apenas devido à expansão do trabalho remoto, mas também devido à complexidade dos ciberataques e às regulamentações de dados e privacidade. Embora essas regulamentações sejam críticas para garantir a confiança do negócio, o fato é que existe uma lacuna de profissionais. Até o Fórum Econômico Mundial tem destacado o cenário dramático dos riscos cibernéticos e a importância de fechar os GAPs da escassez de mão de obra qualificada no setor.
Os primeiros cursos superiores na área de Segurança são recentes e mesmo os de pós-graduação foram criados há pouco tempo. Segundo Bruno Lima, coordenador dos cursos de Defesa Cibernética da Faculdade Impacta, para avançar na disciplina de SI, é necessário já conhecer desenvolvimento de software ou a parte de redes de computadores. Isso desafia a formação de profissionais e demanda uma força-tarefa de toda comunidade, incluindo players, governos, empresas e instituições de ensino, para um programa de certificações e capacitações de profissionais.
“99% da formação do bom profissional de Segurança depende dele mesmo. É necessária muita dedicação para se manter atualizado, todos os dias saem novas formas de lidar com as informações e se atualizar é uma ação constante, estressante, complicada, mas muito prazerosa para quem tem gosto por solucionar problemas”, acrescenta Waldo Gomes, Diretor da Netsafe Corp.
O caminho do sucesso
O fato de as equipes de trabalho não estarem mais em um ambiente corporativo, com o modelo híbrido se consolidando no mercado, abre diversas possibilidades de ataques, pois os ambientes estão pulverizados, o perímetro praticamente morreu e os tipos de controles estão em constante mudança.
Na visão de Gomes e de Lima, tanto as equipes quanto as soluções tecnológicas precisam ser adaptadas para esse novo momento da Segurança. De acordo com Waldo Gomes, a tecnologia tem grande força para rapidamente se desenvolver e tratar das demandas mais críticas. “Entretanto, é preciso que as equipes de SI conheçam essas novas ferramentas para fazerem uso correto e garantirem proteção em todos os ambientes”, completa.
Bruno Lima acrescenta que a graduação pode ser um caminho de entrada na área de SI de uma forma mais efetiva, porém somado a isto, certificações, conhecimentos de legislações como LGPD e algumas ISOs podem trazer um diferencial competitivo para a carreira do profissional.
“As empresas podem capacitar seus profissionais investindo em treinamentos e aderindo ao acesso a conteúdo específico do setor. Porém, o incentivo a uma formação mais abrangente e analítica de uma graduação pode ajudar bastante. Não é uma área fácil, mas com resiliência e constante atualização, existem muitos lugares ao sol”, completa Lima.
Para Gomes, o caminho é árduo e deve ser visto sempre como uma via de mão dupla, de um lado a empresa pode propiciar a possibilidade de desenvolvimento, investimento em formação do seu profissional, sabemos que será exigido pelo menos um período mínimo de permanência nos quadros da empresa para “compensar” o investimento feito. Do outro, o profissional precisa cumprir esse período mínimo em contrato.
“É um amplo campo que tem muitas gerações de desenvolvimento ainda. Então, o recém-formado e o que já tem 30 anos de currículo podem competir de igual para igual, desde que tenham essa chama acesa com uma busca constante por novidades e se interessem por aprendizado. Sem dúvida é uma profissão estressante, mas muito realizadora e cheia de oportunidades durante todo o ciclo”, conclui Waldo Gomes.