A Febraban Tech discutiu, durante o painel de debates “Força de trabalho: o calcanhar-de-aquiles da resiliência cibernética”, os dados do “Estudo da Força de Trabalho em Segurança Cibernética”, produzido pela ISC2². De acordo com o estudo, o Brasil registrou um déficit de quase 200 mil profissionais de SI, o que reforça a necessidade de novas estratégias de aparelhamento do setor, com a entrada de profissionais pouco requeridos no mercado e um amplo processo de automação das atividades.
Andréa Thomé, Head do Conselho da WOMCY (Women in Cybersecurity) no Brasil, aponta ainda que a taxa global de vagas abertas em Segurança Cibernética cresceu 19% em comparação com 2023. Diante de um cenário de franca piora nos dados de profissionais do setor, é preciso que as instituições financeiras estejam atentas para os riscos que esse gap de mão-de-obra pode oferecer no longo prazo.
“Vivemos um cenário de intensa guerra cibernética, em que vemos o cibercrime muito mais preparado do que nós para encarar qualquer falta de mão de obra. Nesses espaços, estão sendo utilizados meios automatizar muitos processos. Com isso, temos que questionar como podemos seguir esse caminho e, ainda assim, formar novas gerações de líderes de Cyber”, disse Andréa.
Na visão da executiva, fomentar projetos de inserção de minorias sociais e étnicas no setor de Segurança é uma das medidas que podem ajudar a aliviar o gargalo gerado pela falta de profissionais. Com isso, ela aconselha que as instituições financeiras sigam incentivando a participação de mulheres, negros, PCDs e outros para, ao mesmo tempo, reforçar suas equipes de Segurança e contribuir para o emprego de profissionais preteridos no mercado.
O Gerente Executivo de Segurança Cibernética do Banrisul, Alexandre Vieira, aprovou a sugestão da colega, e acrescentou que esse trabalho de contratação deve ser acompanhado de preparação desses profissionais em capacitações técnicas em inovações, como Inteligência Artificial, e soft skills, focados em gestão corporativa e relacionamento com o business. Dessa forma, eles estarão prontos para assumir funções cada vez mais essenciais.
“Hoje, todas as empresas financeiras veem a necessidade de ampliar, por exemplo, as estruturas de Segurança de suas ferramentas de IA, da mesma forma que aplica essa ferramenta nas atividades da Segurança. Dessa maneira, precisaremos capacitar os novos líderes com experiências que os permita automatizar cada vez mais processos e, assim, reduzir o impacto desse gap de talentos”, acrescenta Vieira.
Com essas estratégias em vista, os painelistas reforçam que a Cibersegurança precisará equilibrar as qualidades de tecnologia e pessoas. O Vice-presidente de Pessoas da Caixa Econômica Federal, Egídio Pelúcio, ressaltou essa atenção para evitar um aumento de demissões devido à automação, ou uma onda de contratações de profissionais pouco preparados para cumprir as tarefas de Cyber.
“É possível alinhar esses dois valores, especialmente no cenário atual. Várias empresas, como a Caixa, estão avançando em processos de transformação da cultura corporativa, voltada para o uso do meio digital para operações eficientes. Com isso, o papel do ser humano continuará sendo crucial, como forma de se manter atento aos riscos e respondê-los sem gerar impactos à empresa”, concluiu o executivo.