*por Alex Amorim
A natureza da guerra no século 21 ultrapassa as fronteiras físicas e invade o território virtual. Recentemente, o agravamento do conflito entre Israel e o Hamas trouxe à tona questões cruciais sobre os impactos no setor de cibersegurança, especialmente considerando a posição de Israel como um dos principais polos tecnológicos de segurança do mundo.
Tive a oportunidade de participar da Cybertech 2020, que ocorreu no final de janeiro em Tel Aviv, Israel. Nessa ocasião, já era evidente o compromisso de Israel com a cibersegurança, com investimentos que ultrapassavam os US$ 7 bilhões. Isso fez com que o país fosse reconhecido mundialmente por sua excelência nessa área, abrigando uma comunidade notável de especialistas e empresas de alta tecnologia dedicadas à proteção de dados e sistemas críticos.
No entanto, a guerra no Oriente Médio trouxe desafios significativos para essa comunidade. Um desses desafios é a convocação de engenheiros de soluções de cibersegurança para apoiar esforços militares. O Estado de Israel recrutou esses talentos para reforçar a segurança cibernética durante o conflito, o que gerou um problema de escassez de suporte especializado nas plataformas e organizações que deles dependem. Isso levanta questões sobre a capacidade das empresas de cibersegurança de manter a integridade de suas operações diante da demanda adicional por especialistas em tempos de crise.
Além disso, os ataques cibernéticos se tornaram uma ferramenta cada vez mais comum no arsenal de nações e grupos militantes, transformando o cenário de cibersegurança em um campo de batalha por direito próprio. Com a intensificação do conflito entre Israel e o Hamas, a ameaça de ataques cibernéticos direcionados a infraestruturas críticas e organizações se torna ainda mais real.
Para enfrentar esses desafios, é fundamental que empresas, organizações e governos em todo o mundo estejam preparados para reforçar suas defesas cibernéticas. Isso inclui a adoção de medidas proativas, como a implementação de práticas de segurança robustas, o treinamento de equipes de resposta a incidentes e a colaboração entre os setores público e privado.
Entendemos que a guerra entre Israel e o Hamas demonstra claramente que a cibersegurança não é mais um luxo, mas uma necessidade. À medida que o mundo se torna mais interconectado, os conflitos tradicionais podem ter repercussões significativas no mundo digital.
É imperativo que a comunidade global de cibersegurança esteja preparada para enfrentar esses novos desafios e proteger nossos ativos digitais, independentemente do contexto geopolítico. Acompanhar de perto essas evoluções e manter nossas defesas cibernéticas robustas é fundamental para garantir a segurança e a estabilidade em um mundo cada vez mais digitalizado e sujeito a ameaças emergentes.
*Alex Amorim é Especialista em Privacidade e Segurança da Informação, Membro de Conselho, Fundador e Presidente do IBRASPD e Executivo de Cyber Security da Claro Brasil