Pernambuco está enfrentando um cenário preocupante de aumento nos casos de golpes cibernéticos, deixando autoridades e consumidores em estado de alerta sobre os perigos do ambiente digital. Dados recentes revelam um crescimento significativo dessas atividades criminosas, afetando não apenas a segurança financeira, mas também minando a confiança no comércio eletrônico e nas transações online.
De acordo com informações da Secretaria de Defesa Social (SDS) do Estado, o número de registros de crimes cibernéticos em Pernambuco disparou e atingiu um aumento de 237% em comparação ao ano anterior. No primeiro semestre de 2023, foram contabilizadas 944 ocorrências desse tipo, um salto considerável em relação às 280 notificações do mesmo período de 2022.
Entre os golpes mais comuns estão as tentativas de fraude no comércio eletrônico. Estima-se que, em todo o Nordeste, tenham ocorrido cerca de 5 milhões de tentativas de golpes cibernéticos em 2023, resultando em um prejuízo de pelo menos 6 bilhões de reais na região. Em Pernambuco, especificamente, dentre 5 milhões de compras online realizadas, pelo menos 95 mil foram identificadas como tentativas de fraude, o que representa uma em cada dez compras online representa uma transação falsa ou ilegal.
Eduardo Lopes, CEO da Redbelt Security, destaca a gravidade da situação: “Hoje, detectar esses crimes está cada vez mais difícil por conta de tecnologias que refinaram as fraudes, como a Inteligência Artificial. Por isso, é importante que, principalmente as empresas, protejam seus ativos e colaboradores, adotando uma arquitetura de segurança adequada a cada contexto. Mas, além disso, fomentar a cultura de cibersegurança deve estar entre as prioridades para as pessoas no geral”, reforça o executivo.
Além disso, os casos de estelionato eletrônico também estão em alta. Em 2023, foram registrados quase 22 mil casos, representando um aumento de 45% em comparação a 2022. Esse tipo de golpe envolve cibercriminosos que enganam as pessoas por meio das redes sociais, contatos telefônicos (vishing), e-mails falsos (phishing) ou WhatsApp, buscando obter informações confidenciais como senhas, dados bancários ou números de cartão de crédito. As fraudes cibernéticas envolvendo anúncios na internet e o uso das ferramentas de comunicação, como SMS e WhatsApp, também estão crescendo fortemente, aumentando a preocupação das autoridades e da população em geral.
Recomendações
Diante desse cenário, é fundamental que os consumidores adotem medidas de precaução ao realizar transações online, como verificar a autenticidade dos sites, evitar fornecer informações pessoais em links e contatos suspeitos, além de manter dispositivos e softwares sempre atualizados.
É importante optar por utilizar plataformas consolidadas e ferramentas de transação financeira que ofereçam uma camada extra de segurança, especialmente para pequenas e médias empresas (PMEs). Evite fornecer informações de pagamento diretamente nos sites e, ao invés disso, centralize esses dados com o fornecedor de confiança. Dessa forma, informações sensíveis, como números de cartão de crédito, não são processadas pelo sistema da empresa.
As empresas devem fazer campanhas de conscientização com clientes, funcionários e outros públicos-alvo para alertá-los sobre os perigos de sites e e-mails falsos, especialmente em períodos de alta demanda, como datas comemorativas. É importante verificar o endereço e validar a autenticidade do mesmo, atentando-se, por exemplo, a troca de letras no nome da marca ou do domínio.
O uso de cartões virtuais é uma opção segura, na qual o banco gera um número de cartão único para cada compra ou período determinado. Depois do uso, esse número perde sua validade, evitando fraudes e clonagens. Empresas podem incentivar seus clientes a utilizarem essa modalidade, fornecendo informações sobre sua disponibilidade e os benefícios adicionais em termos de segurança.
Para as companhias, cumprir com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é essencial para evitar problemas legais relacionados a vazamentos de informações de clientes. O ideal é não coletar ou oferecer mais dados do que o necessário e, se a empresa não precisar retê-los, é melhor não o fazer para minimizar riscos de exposição.
Lopes complementa que a conscientização e a educação sobre segurança cibernética são essenciais para enfrentar esse desafio em Pernambuco e em todo o país. A colaboração entre governo, empresas e cidadãos é vital para mitigar os riscos e garantir um ambiente digital mais seguro para todos.
