Empresas não estão prontas para ransomware

Pesquisa revela deficiência em lidar com sofisticação do malware devido às infraestruturas de proteção frágeis, limpeza de redes insatisfatória e dificuldade em detecção de ameaças; novas variedades serão capazes de mudar rapidamente as táticas para maximizar eficiência dos sequestros de dados

Compartilhar:

Segundo o relatório Midyear Cybersecurity Report 2016 da Cisco® (MCR), as organizações atuais não estão preparadas para futuros desenvolvimentos de ransomware mais sofisticados. Infraestruturas frágeis, limpeza insatisfatória das redes e taxas lentas de detecção estão fornecendo tempo e cobertura amplos para os adversários operarem. Além disso, na visão de Marcelo Bezerra, gerente de Engenharia de Segurança da Cisco, o motivo ainda pode estar no amadorismo com que algumas empresas enfrentam o profissionalismo dos cibercriminosos de hoje, com soluções adaptadas ou cobrindo apenas uma parte dos métodos de ataque.

O ransomware tornou-se em 2016 o tipo de malware mais rentável da história. A expectativa é que esta tendência continue ainda mais destrutiva, se espalhando por si só e contendo redes inteiras, fazendo as empresas de reféns. Novas variedades serão capazes de mudar rapidamente as táticas para maximizar a eficiência. Por exemplo, futuros ataques de ransomware poderão evitar a detecção apenas limitando o uso de CPU e abstendo-se de ações de comando e controle. Estas novas formas irão se espalhar mais rapidamente e se replicarão dentro das organizações antes de coordenar as atividades de resgate.

A visibilidade por toda a rede e pelos endpoints permanece como um dos principais desafios. Em média, as organizações levam até 200 dias para identificar novas ameaças. Segundo Bezerra, essa dificuldade de detecção não é apenas um desafio atual, mas tende a ser também no futuro até que as empresas se tornem conscientes de que é necessário proteger todo o ciclo de vida de um ataque.

“Geralmente são três grandes frases: quando o hacker está estudando em como acessar a rede ou o computador; quando já conseguiu o acesso e está procurando seus alvos; e quando o ataque já se concretizou e ele está extraindo informações ou qualquer outro objetivo malicioso”, explica. Para ele, a estratégia deve contemplar todo esse processo e o CSO deve avaliar o estado de suas defesas, descobrir onde está mais fraco e direcionar seus investimentos. Um tempo mais rápido para detecção de ameaças é crítico para restringir o espaço operacional dos atacantes e minimizar os danos das intrusões.

Fechando as portas

Em face de ataques sofisticados, dos recursos limitados e da infraestrutura envelhecida, os defensores estão lutando para manter o mesmo ritmo que seus adversários. No entanto, dados do relatório sugerem que os gestores estão menos propensos a limpar adequadamente a rede aplicando patches.

“O que poderia ser algo automatizado e rápido acaba se transformando num processo demorado, deixando o sistema mais vulnerável. Muitos administradores preferem testar suas normas contra problemas de compatibilidade. Eles não estão errados, mas o processo deve ser o mais rápido possível para não atrasar a implantação dos patches”, avalia Bezerra.

Pesquisadores da Cisco examinaram 103,121 dispositivos da própria organização conectados à internet e descobriram que cada um deles, em média, estava rodando com 28 vulnerabilidades conhecidas. Os aparelhos estavam ativamente rodando ameaças conhecidas há uma média de 5 anos e mais de 9% tinham riscos conhecidos há mais de dez anos.

Setores visados

O Midyear Cybersecurity Report 2016 da Cisco mostra que o desafio persiste em escala global. Enquanto organizações em segmentos críticos, como a área da Saúde, sofreram um significativo aumento de ataques ao longo dos últimos meses, as conclusões do relatório indicam que todos as verticais e regiões do mundo têm se tornado alvos.

Clubes e organizações, instituições de caridade, organizações não governamentais (ONGs) e empresas eletrônicas têm experimentado um aumento em ataques no primeiro semestre de 2016. No cenário mundial, as preocupações geopolíticas incluem a complexidade regulamentar e as políticas de segurança cibernética contraditórias de cada país. A necessidade de controlar ou acessar dados limitam e entram em conflito com o comércio internacional, em um cenário de ameaças sofisticadas.

Conteúdos Relacionados

Security Report | Destaques

Proteção Olímpica: como Paris prepara a Cibersegurança para os Jogos

As ameaças cibernéticas atuais estão de olho na capital francesa durante o evento, com intenções financeiras e sociopolíticas. Autoridades nacionais...
Security Report | Destaques

Governo Federal alerta servidores sobre incidente de Segurança no ColaboraGov

Nesta mesma semana, o Ministério da Gestão e Inovação havia confirmado um ataque cibernético contra o Sistema Eletrônico de Informações...
Security Report | Destaques

Vivara confirma ataque de ransomware aos sistemas corporativos

Incidente teria acontecido no último mês de junho, sem causar impactos significativos nas operações cotidianas. Em nota endereçada ao mercado,...
Security Report | Destaques

Sistema de Informações do Ministério da Gestão sofre ataque cibernético

O Sistema Eletrônico de informações é responsável por gerir documentos e processos digitalizados, visando promover a eficiência administrativa. Em nota,...