Por Sandra Maura
Entre as diversas razões que levaram o Homem a triunfar na Terra, uma característica que merece destaque especial, sem dúvida, é a capacidade de aprender. É essa possibilidade de evoluir a partir das experiências, por exemplo, que nos permite andar, falar e desbravar o mundo, tentando nos manter em segurança.
No mundo digital, sobretudo no campo da cibersegurança, este princípio é igualmente verdadeiro: para maximizar os resultados, temos de investir em uma aprendizagem contínua. Mas é possível analisar e aprender com tantos dados, registros e informações nos bombardeando diariamente?
A resposta é não. O cérebro humano tem uma capacidade finita de processar e organizar as interações interna e com o meio que nos cerca – e o que temos de dados atualmente, com sensores e Nuvens hiperconectados, certamente significa uma massa de conteúdo que vai além de nossa possível análise. Embora nossa mente seja um supercomputador capaz de dar conta de milhares de ações simultaneamente, ainda assim é indiscutível que não temos ‘memória’ e ‘processador’ suficientes para monitorar e manusear bilhões de interconexões digitais em tempo real.
É neste contexto que as ferramentas de Big Data Analytics e Inteligência Artificial vêm fazendo a diferença para fortalecer a cibersegurança das empresas digitais – e fundamentalmente para simplificar nosso aprendizado. Além de serem extremamente úteis para antecipar tendências e caminhos para a inovação, a análise de dados e as soluções automatizadas são também, e cada vez mais, importantes aliadas de como fazemos a proteção dos dados e a estratégia futura das etapas de segurança digital.
Temos de ressaltar isso, pois os agentes maliciosos também estão evoluindo constantemente, investindo em criatividade e tecnologia para sofisticar as ameaças às organizações, não apenas contra as pessoas, mas também em relação à própria infraestrutura de TI e às cadeias ao redor das operações. Apenas como exemplo, vale destacar que o Gartner prevê que, até 2025, cerca de 45% das corporações em todo o mundo terão sofrido algum tipo de ataque em suas cadeias de suprimento de software, um aumento de três vezes em relação a 2021.
Para mitigar esse risco, os analistas da consultoria alertam para a importância de se pensar a cibersegurança como parte das ações do dia a dia. Não por acaso, hoje, estudos indicam que 88% das maiores companhias globais veem a segurança digital como um risco de negócios, e não mais apenas como um risco de tecnologia.
Dentro desse cenário, as capacidades trazidas pela adoção de inteligência analítica, especialmente unindo Big Data, Aprendizado de Máquina e Inteligência Artificial, são essenciais para impulsionar a capacidade de se identificar e, inclusive, de se antecipar possíveis fraudes, invasões e ataques.
O ponto em questão é a capacidade de traçar perfis e padrões que cercam a performance das aplicações, servidores e ativos dos mais diversos tipos. Se fosse o corpo humano, por exemplo, a inteligência analítica seria capaz de cruzar informações como batidas do coração, pressão arterial, glicemia ou qualquer outro indicador e avaliar em acordo com a situação vivida pela pessoa e qual é o tipo de reação histórica que outros indivíduos tiveram ao experimentar situações semelhantes – e o que aconteceu depois. Isso representa a chance de ler os sinais vitais da operação e ver uma possível anomalia, bem como também predizer onde e como podem surgir os pontos de atenção.
Por meio dessa coleta incessante de parâmetros (o que para nós seriam as experiências), a tecnologia nos permite a chance de contar com recursos como a análise preditiva, que une estatísticas, Data Science, Inteligência Artificial, Machine Learning e outras técnicas para prever eventos futuros. As empresas podem utilizar essas análises preditivas para identificar possíveis riscos e oportunidades. Uma vez estabelecidos, os insights preditivos podem então ser utilizados para prescrever a ação que uma empresa deve tomar, bem como quais brechas ou processos precisam ser corrigidos.
Quando pensamos em Inteligência Artificial e em todos os dispositivos automatizados, no geral, costumamos ter a sensação de que estamos sendo paulatinamente substituídos. A verdade, porém, é que nunca fomos tão longe e nunca inovamos tanto. Essa é a realidade da cibersegurança (os riscos aumentaram, mas às proteções também estão continuamente evoluindo). Ou seja, não se trata de dizer que a tecnologia substituirá o Homem, mas, sim, de afirmar que a experiência humana na era digital cada vez mais conta com soluções para potencializar e levar nossa experiência de aprendizagem a um novo nível.
*Sandra Maura, CEO da TOPMIND