Como a gestão de risco cibernético impacta o budget da SI?

Na visão do CISO Renato Lima, sem uma definição clara do apetite ao risco, empresas podem desperdiçar investimentos ou falhar na proteção de ativos críticos. Para ele, organizações que mapeiam riscos corretamente conseguem justificar melhor os investimentos e otimizar recursos

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A gestão de riscos cibernéticos é um dos grandes temas da Cibersegurança para 2025, pois é um assunto que evoluiu para uma questão estratégica dentro das empresas, exigindo dos CISOs uma visão de negócios mais aprimorada. Um dos conceitos centrais nesse processo é o apetite ao risco, que determina o nível de risco que a organização está disposta a aceitar para atingir seus objetivos.

 

“A gestão de riscos cibernéticos não é apenas uma questão técnica, mas um pilar estratégico para a sustentabilidade das organizações. E o ponto de partida para essa mudança passa pelo entendimento e aplicação prática do apetite ao risco”, reflete Renato Lima, CISO que ocupa uma posição executiva no setor de energia, em entrevista à Security Report.

 

De acordo com o CISO, a falta de compreensão clara desse conceito ainda dificulta a tomada de decisão e a obtenção de orçamentos adequados para a área de Cibersegurança. Ele explica que o apetite ao risco deve ser compreendido a partir de quatro variáveis fundamentais:

 

1.Capacidade: Refere-se aos recursos disponíveis para gerenciar riscos, incluindo capital, tecnologia, processos e pessoas. Empresas com maior capacidade tendem a ser mais resilientes diante de incidentes cibernéticos.

2.Apetite ao risco: Representa o nível de risco que a empresa está disposta a assumir em suas operações para buscar resultados estratégicos.

3.Tolerância ao risco: Define o limite máximo de risco que a organização pode suportar sem comprometer sua operação.

4.Risco inerente: É a exposição natural do negócio a riscos cibernéticos, sem considerar as medidas de mitigação já implementadas.

 

Renato Lima explica que cada empresa tem um equilíbrio próprio entre essas variáveis e é importante ajustá-las conforme o setor de atuação. Nos segmentos altamente regulados, como financeiro e energia, a tolerância ao risco é menor e, consequentemente, necessitam de controles mais rígidos. Já empresas em mercados menos regulados ou startups podem aceitar uma exposição maior, em prol da inovação e crescimento acelerado.

 

Orçamento de Cibersegurança

De acordo com o executivo, a definição do apetite ao risco não serve apenas para orientar políticas de Cibersegurança, mas também para estruturar investimentos de forma estratégica. “A falta dessa visão pode levar a decisões equivocadas, resultando em orçamentos mal justificados, desperdício de recursos com tecnologias subutilizadas ou carência de soluções essenciais”, adverte Lima.

 

Ele sugere que o CISO faça um estudo para ter um entendimento melhor sobre a matriz de risco da organização e construir um orçamento alinhado a essa realidade. “Para garantir espaço no board e conseguir investimentos adequados, é fundamental que os CISOs dominem conceitos financeiros, saibam falar sobre impacto nos negócios e consigam demonstrar como a Cibersegurança contribui para a resiliência operacional. E isso passa pela disciplina de gerenciamento de riscos cibernéticos”, completa.

 

Entre as melhores práticas sublinhadas pelo executivo, o destaque para organizar uma matriz de risco envolve:

 

1.Mapear os processos críticos e os principais ativos da empresa, identificando vulnerabilidades e impactos potenciais.

2.Quantificar os riscos cibernéticos, correlacionando-os aos riscos financeiros e operacionais da organização.

3.Priorizar investimentos com base no risco real, garantindo que os recursos sejam direcionados para áreas de maior exposição.

4.Demonstrar o retorno sobre o investimento (ROI), justificando o orçamento de Cibersegurança com métricas que façam sentido para o board.

 

“Hoje, com a restrição de orçamento, os CISOs precisam abandonar a cultura de pedir investimentos sem uma justificativa clara. Se há cortes no budget da SI, ou o plano não foi bem elaborado, ou o CISO não soube apresentar a necessidade da Cibersegurança de forma estratégica”, conclui Renato Lima.

 

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