Por Daniela Costa
Um rápido olhar comparativo nos jornais do final de 2019 (hoje parece que foi há um século…) e deste ano comprova que a COVID-19 mudou o mundo radicalmente, atraindo para si todas as atenções, deixando um rastro sinistro de destruição de vidas e de imensos prejuízos financeiros. Tragédias naturais como enchentes e furacões ficaram relegadas a um segundo plano e, no momento em que escrevo, mais de 77 milhões de pessoas foram infectadas em todo o mundo, com pelo menos 1,7 milhões de mortes.
A ironia é que, em meio a este cenário totalmente imprevisível, não há como não identificar traços de previsibilidade. E ela está justamente no conceito de prevenção. O custo cobrado de todos pela incapacidade dos governos de adorarem as medidas corretas no tempo certo está aí para quem quiser pensar no assunto. E, no entanto, uma das poucas manchetes neste dezembro de 2020 que não está ligada à pandemia alerta para o fato de que os Estados Unidos estão sob um dos maiores ataques cibernéticos da história.
Alguns dos alvos que foram identificados dão a dimensão dos danos: o Departamento do Tesouro e Comércio norte-americano e a National Telecommunications and Information Administration (NTIA), além de empresas privadas do porte de Intel e Cisco, sem mencionar instituições de ensino e de saúde. Dezenas de bilhões de dólares investidos pelos Estados Unidos na defesa contra deste tipo de ataque não foram suficientes para deter uma ação criminosa que estava ativa há meses, com alguns estimando seu início em outubro do ano passado.
Os criminosos tiveram acesso a este universo de dados sensíveis explorando uma complexa peça de gerenciamento de redes feita por uma empresa chamada SolarWinds, presente em agências do Governo bem como em empresas privadas. O acesso ilegal se deu quando de uma atualização rotineira, nas palavras de um especialista, muito semelhante à que fazemos em nossos celulares.
Como executiva ligada a uma empresa que tem como principal foco o fornecimento de proteção de dados e defesa contra ataques de ransomware, sendo a marca com mais experiência em todo o mundo nestes segmentos, cada cenário de crise gerado por um ataque criminoso bem sucedido, como este vivido pelos Estados Unidos, é um triste alerta sobre a importância de se construir e implementar uma eficiente estratégia de defesa, capaz de evitar enormes prejuízos financeiros, sem mencionar a perda de credibilidade.
Que o novo ano chegue para que possamos pôr em prática os duros aprendizados adquiridos ao longo de 2020: a importância da resiliência é equivalente à adoção de uma cultura de prevenção.
*Daniela Costa